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terça-feira, 16 de julho de 2013

RACIONALISMO





RACIONALISMO

A razão do latim “ratio”, é a faculdade de discorrer. E o raciocínio define-se como um ato do entendimento pelo qual se chega a verdades novas a partir de, pelo menos duas verdades, conhecidas .É a proposição onde as causas se encadeiam com os efeitos,  os quais por sua vez são causas de outros efeitos posteriores.

Este mecanismo mental, que se aparenta ao silogismo grego tem, no entanto, raízes mais profundas, e tanto na China como na Índia existiram escolas de lógica, pelo menos desde os finais do 2º milênio a.C. As ultimas investigações demonstram que sem a aplicação de princípios lógicos na teoria das projeções, seria impossível a resolução ergonômica em construções tão exatas como as Pirâmides,  que datam, no mínimo, do 4º milênio a C.

O racionalismo nasceu da pretensão de que só a razão pode interpretar a realidade.

O homem tem tantos acessos à realidade como planos na sua complexa constituição, dar prioridade a um dos mesmos é, por outro de lado diminuir a capacidade de intuição e da experiência. É um afastamento antropocêntrico da natureza física e metafísica.  Procurando a realidade, o homem afasta-se do ecossistema do universo,  caminha inexoravelmente para a solidão e para o sofisma de identificar o pensamento com a existência.

O racionalismo exagerado começou com Aristóteles  na corporização das idéias e rebentou com Descartes, que se apoiou na dúvida e circunscreveu a racionalidade do mundo a leis de sucessão mecânica, excluindo toda a finalidade universal, negando princípios Platônicos. Malebranche, Spinoza, Leibniz, Wolff, Hobbes, Berkeley  e Hume matizam de formas diferentes estes assertos.

Kant faz reaparecer o metafísico, embora sobre aspetos gnoseológicas que criticam a razão pura e a razão suficiente.  Hegel fez entrar o irracional como forma de racionalidade da realidade.

As linhas mestras do pensamento humano diluem-se.

A complexa e cândida atitude de Tomás de Aquino, que torna a razão serva da religião por ele defendida, numa intuição de elementos que poderiam estar mais além da compreensão humana, afunda-se velozmente.

O homem desintegra o homem.

Esta síntese, tem por finalidade deixarmos no ar a seguinte pergunta?.. O que é que se passou para que o materialismo mecanicista toma-se de assalto a consciência do homem ocidental, levando-o de um ecossistema  de um mundo clássico balanceado, a outro acossado por angustias, incredulidades, vaidades e utopias, que refletindo-se nos povos, os precipitam no ateísmo e no materialismo mais digno de Bestas que de humanos?

Como é que, em nome da razão e do razoável, se caiu na loucura de um instinto desformado por subtilezas que a degeneraram. 

É um tema demasiado profundo para uma síntese como esta.  Mas podemos dizer, sinteticamente, que a queda do mundo clássico foi muito mais importante do que supõem os historiadores.

É aterrorizante, verificar que no século V,  se destruíram edifícios de sabedoria,  para em cima deles se construírem outros sem alicerces, sem bases.

São sementes da loucura.

E essa loucura ramificou-se, destruindo beleza e sabedoria, que teria tido perda total se os Árabes não tivessem vivido em zonas marginais ao antigo império romano,  guardando alguns elementos, assim como o fizeram ordens cristãs de cavalaria, que viviam isoladas em mosteiros. 

Proíbe-se sob a pena de morte o estudo dos astros, da anatomia humana, da circulação do sangue e da óptica.

Confrarias de loucos enraivecidos, desde os “fraticelli “ até aos “iconoclastas “ percorrem a Europa.

O Renascimento vê-se manchado pelas lutas sectárias da Reforma e da Contra – Reforma. A imprensa é considerada oficialmente diabólica;  Galileu teve que negar a rotação da terra para salvar a vida,  Giordano Bruno,  depois de anos de torturas foi queimado vivo numa praça de venda de flores em Roma.

A anti razão,  o dogmatismo na sua pior aceção, o abuso da força, impõem-se nos factos, mas não nos corações, nem nas cabeças. Muitos continuam a pensar?...E, esperam por uma lei física, como o peso de um pêndulo suspenso sobre uma lateral, que ao ser solto ultrapassará velozmente o ponto médio da verticalidade e subirá a lateral contraria a uma velocidade semelhante à da sua descida.

É necessário que a consciência da humanidade se vá revitalizando, readquirindo a sua essência, para que a lei física do pêndulo inverta a atual posição.

A concepção mágica do mundo falhou no seu aspeto religioso e político.

O mundo vê com horror os paraísos materialistas transformados em cancros.

Explorou-se a Natureza sem se pensar ou reconhecer uma sabedoria ecológica, reflexo do logos quase esquecido de Platão.

Como no caso do transatlântico  “Titanic”, algo falhou e perante a adversidade, o mundo nascido da ciência e modernidade afunda-se. Voltam de novo os piratas, os mercados de escravos,  os campos de trabalhos forçados,  os grupos de guerrilheiros,  fazem-se corridas de paralíticos.  Há bonzos Budistas e padres católicos ateus e comunistas.  

Há anarquistas que rezam todas as manhas.

Vivemos um diabólico carnaval.

Há um primeiro mundo, o capitalista,  onde todos trabalham e o “ capital “está feito em papel aceite como riqueza.

Um segundo mundo, o social – comunista,  em desintegração completa.

Um terceiro mundo, o dos não-alinhados de nome, porque todos estão alinhados, e só tem em comum a pobreza.  

Um quarto mundo que baseado na fragilidade dos outros três,  esta escalando posições agrupando elementos étnicos desprovidos do que chamaríamos consciência social, mas muito ricos em crenças, ódios e numa forma de espiritualidade, mais baseada na higiene e moral de superfície do que em procuras metafísicas.

Manifesta-se nos olhos da juventude de todo o globo, um novo mundo mágico, irracional e animista.

Tal como há 200 anos a metafísica se converteu em física, a psicologia converte-se em parapsicologia.

Vêem-se com ceticismo os aparelhos que sulcam as altas camadas da atmosfera e queimam os escudos de ozono que nos protegem dos raios cósmicos.

As pessoas com possibilidades fogem das grandes cidades para recriarem o modelo da velha casa simples, aquecida com lenha e rodeada de campos onde as crianças possam brincar.

Os “Safaris “ em África são fotográficos porque a redução da densidade da fauna bravia é controlada , dentro dos meios de que dispõem os governos africanos.

É inegável o retorno a volta, a potenciação dos germes que a razão não pode tratar nem solucionar.

 Espiritualidade e emocionalidade já não são desprezadas,  são vistas como aprofundamentos humanos.

Nasce um novo humanismo,  mas, à diferença do anterior, não é etnocêntrico, já tem uma tendência para o universal,  para o cósmico. 

Face ao que chamamos “ Mito do Neo - Racionalismo “, face aos seus fracassos e frustrações,  emerge uma nova esperança ainda de aparência confusa.

É o regresso há harmonia da natureza, ao conhecimento do verdadeiro,  ao trabalho individual e coletivo mas não massificante, que conduz a liberdade em convivência com todos os Seres visíveis e invisíveis. É o desmantelar por morte natural deste velho mundo repleto de intermediários, de partidos,  de seitas fanáticas, de cruéis revolucionários.

Juntemo-nos aos que alimentam uma nova esperança, lutemos por um mundo mais humano e justo.

JPF
17/07/2013 

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