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domingo, 22 de abril de 2012

Filosofando sobre a morte.



Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem...
Nem se canse de fazê-lo depois de velho...
Porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito.

 Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou...
Ou que ela já passou...
É como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz.


Em primeiro lugar...
Considerando a divindade como um ente imortal e... 
... bem-aventurado... 
Como sugere a perceção comum de divindade...

Não atribuas a ela nada que seja incompatível com a sua imortalidade...
Nem inadequado à sua bem-aventurança...

 Pensa a respeito dela tudo que for capaz de conservar-lhe felicidade e imortalidade.

Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada,
Visto que todo bem e todo mal residem nas sensações,
E a morte é justamente a privação das sensações.

A consciência clara de que a morte não significa nada para nós proporciona a fruição da vida Efêmera...
Em querer acrescentar-lhe tempo infinito e eliminando o desejo de imortalidade.

Não existe nada de terrível na vida para quem está perfeitamente convencido de que não há nada de terrível em deixar de viver.

O sábio, porém, nem desdenha viver, nem teme deixar de viver;
Para ele, viver não é um fardo e não-viver não é um mal.

Nunca devemos nos esquecer de que o futuro não é nem totalmente nosso...
Nem totalmente não-nosso, para não sermos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda a certeza,
 Nem nos desesperarmos como se não estivesse por vir jamais.

Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos.

Há ocasiões em que utilizamos um bem como se fosse um mal e, ao contrário, um mal como se fosse um bem.

Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não luxuoso, não só é conveniente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversidades da vida:

Nos períodos em que conseguimos levar uma existência rica,
Predispõe o nosso ânimo para melhor aproveitá-la, e nos prepara para enfrentar sem temor as vicissitudes da sorte.

Quando então dizemos que o fim último é o prazer,
Não nos referimos aos prazeres dos intemperantes ou aos que consistem no gozo dos sentidos, como acreditam certas pessoas que ignoram o nosso pensamento,
Ou não concordam com ele, ou o interpretam erroneamente,
Mas ao prazer que é ausência de sofrimentos físicos e de perturbações da alma.
Não são, pois, bebidas nem banquetes contínuos, nem a posse de mulheres,
Nem o sabor dos peixes ou das outras iguarias de uma mesa farta que tornam doce uma vida,
Mas um exame cuidadoso que investigue as causas de toda escolha e de toda rejeição e que remova as opiniões falsas em virtude das quais uma imensa perturbação toma conta dos espíritos.

De todas essas coisas, a prudência é o princípio e o supremo bem, razão pela qual ela é mais preciosa do que a própria filosofia;
É dela que se originaram todas as demais virtudes;
É ela que nos ensina que não existe vida feliz sem prudência, beleza e justiça,
E que não existe prudência, beleza e justiça sem felicidade.

Porque as virtudes estão intimamente ligadas à felicidade, e a felicidade é inseparável delas.

O prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz.

A morte é uma quimera:
Porque enquanto eu existo, não existe a morte;
E quando existe a morte, já não existo.

- Variante: 
A morte, temida como o mais horrível dos males, não é, na realidade, nada, pois enquanto nós somos, a morte não é, e quando esta chega, nós não somos.

JPF

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