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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Os Políticos precisam de se rever em Sócrates e não nos Sofistas da sua época.



Os Políticos precisam de se rever em Sócrates e não nos Sofistas da sua época.

Os Sofistas subverteram as democracias.
A palavra sofista deriva do Grego (sophistes),  sophia  «sabedoria», e classifica todo o homem que possui conhecimentos consideráveis em qualquer ramo do saber. O sofista era alguém a quem as massas consideravam sábio. Ensinavam tudo o que se podia ensinar, "tinham a pretensão de formar homens completos, habituados a todas as subtilezas do pensamento refletido, hábeis em manejar a palavra, corajosos e fortes na Ação, dignos de todos os triunfos, de todas as felicidades". Landormy (1985:13).
Atenas, cidade natal de Sócrates, atraía a si estrangeiros que se davam pelo nome de sofistas. Sócrates não era o único a filosofar. A cidade, com o seu esplendor cultural e regime democrático, atraia todo o tipo de filósofos.
Como os jovens atenienses estavam ávidos de novidades, rapidamente os sofistas se viram rodeados de rapazes desejosos de encontrar o segredo do domínio das multidões.
Os sofistas cobravam pelos ensinamentos que ministravam, tornando-se alvo da censura  dos atenienses. Sócrates considerava "vergonhoso vender o saber, dizendo que o comércio da sabedoria não merecia menos ser chamado prostituição que o tráfego da beleza" (Bonnard, 1980:438).
Sócrates comparava os sofistas aos mercadores, que elogiam os produtos que vendem mesmo sem saberem se são bons ou não. Mas, não será que, como os mercadores que elogiam os seus produtos, também os sofistas seriam inevitavelmente tentados a acomodar a sua mercadoria ao gosto dos compradores?
Ao receberem pelos ensinamentos ministrados, os sofistas forçaram o reconhecimento do carácter profissional  do trabalho de professor. Essa é uma dívida que a institucionalização da escola tem para com eles.
No entanto, ao serem pagos diretamente pelos alunos, ficavam em condições de fazer  uma seleção entre os candidatos. Em geral, preferiam os filhos de famílias mais abastadas. A analogia com o carácter seletivo da escola dos nossos dias é aqui tristemente visível.
Sócrates não recebia pagamento pelo que ensinava. Dispensava gratuitamente o seu saber a quem dele necessitava. Foi no entanto considerado por muitos como sofista  porque aparentemente exercia o mesmo ofício. Como eles, instruía a juventude, discutia em público política e moral, religião e por vezes arte e, como eles, criticava com vigor e subtileza as noções tradicionais nas diferentes matérias. Como diz Bonnard (1980: 439), ele era o "príncipe dos sofistas, o mais insidioso dos corruptores da juventude. O mais culpado também: os outros são estrangeiros, ele é cidadão" .
A  motivação de Sócrates era de ordem pedagógica distingue-se ainda da dos sofistas, na medida em que estes, praticavam um ensino desligado de preocupações de  ordem ética.  Como diz Landormy (1985:15), fingiam "adotar as opiniões comuns, a moral das pessoas honestas, os preconceitos ou as superstições do povo"  de modo a agradarem ao maior número de pessoas. O seu objetivo principal era agradar de forma a obterem os seus proveitos próprios, sem atenção aos valores essenciais. Daí o uso artificioso da oratória e da retórica como forma de, através da palavra, conseguir persuadir os cidadãos.
Sócrates pelo contrário, como diz Bonnard (1980: 442) "Sócrates quer educar o seu povo, conduzi-lo à consciência do seu verdadeiro bem, ao perigo e à nobreza da escolha. Quer libertá-lo da servil obediência à opinião estabelecida, para o comprometer no livre serviço da verdade severamente verificada. Quer tirá-lo da infância, que pensa e age por imitação e constrangimento, para fazer dele um povo adulto, capaz de agir por razão, de praticar a virtude não por temor das leis e do poder (ou de deuses ao seu dispor), mas porque sabe de ciência certa que a felicidade é idêntica à virtude" .
Sócrates um grande humanista, acreditava que se através dos seus ensinamentos conseguia levar as pessoas a descobrirem a verdade, com esta descoberta obrigaria os seus interlocutores a agir de forma virtuosa. No Protágoras,  a sua preocupação ou tema central é o decalque da virtude. Pode a virtude ser ensinada?  O ponto curioso deste diálogo é que, na primeira fase da discussão, Sócrates dúvida que a virtude possa ser ensinada, enquanto Protágoras, como sofista, entende que sim. Mas, no decorrer da argumentação, Sócrates vai analisar as várias virtudes e conclui que todas elas são uma única, que todas se identificam com o conhecimento do Bem. Nesse momento, acaba por concluir que a virtude pode ser ensinada e é Protágoras quem passa a considerar duvidosa essa possibilidade.
Há outra diferença fundamental que separa Sócrates dos Sofistas. Enquanto eles se consideravam sábios, profundamente conhecedores de várias matérias, e, justamente por essa razão, se faziam pagar pelos seus ensinamentos, Sócrates defendia aquela  fórmula tão célebre quanto enigmática pela qual ficou para sempre conhecido:
"Só sei que nada sei"
Sócrates combateu os sofistas, julgou com severidade o uso que faziam da arte da palavra, que segundo ele não visava estabelecer o verdadeiro mas produzir a aparência. Sócrates defendia energicamente a necessidade e a possibilidade de conhecer a verdade. Amava-a acima de tudo e tomou como ocupação exclusiva da sua vida, ajudar a descobrir em cada homem a verdade que nele existe.  Sem salário e sem esperança, exerceu até à morte este serviço de educador do seu povo, o mais insubmisso de todos os povos. Foi essa a sua grande batalha, a sua maneira de ser cidadão.
Os políticos do mundo deviam rever-se como sofistas que são, e alterar a sua forma de estar e agir, adotando as linhas de pensamento de Sócrates e dos muitos que como ele ao longo de seculos, defenderam politicas mais harmoniosas e mais justas. 

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