DEMOCRACIA:
Deriva do
grego, governo do povo, para os que se agarram a esta definição, aí começa o mito.
Para os
gregos clássicos de há vinte séculos, a palavra “ Demos “não se referia a
todos os homens de uma Cidade – Estado, mas sim aqueles cidadãos e
camponeses livres e registados nos censos. Não eram a maioria nem lhes
importava sê-lo, o peso da quantidade cedia ao da qualidade, certa ou
aceite que na prática é o mesmo.
Assim,
os grupos humanos que seguiam os caminhos democráticos eram de
poucos milhares de pessoas, conheciam-se quase todos entre si e muitos estavam
ligados por laços de sangue ou amizade.
A
propaganda no sentido atual da palavra, não existia, pela obvia razão de
que não era necessário fazer a apresentação de nada, existiam as lógicas
rivalidades entre clãs com a exaltação moderada dos méritos dos seus favoritos,
em oposição aos que a eles se opunham.
Governar
para muitos era considerado um castigo. Dos vários episódios conhecidos
vamos referir um. Demóstenes, conta-nos que um cidadão que o odiava votou nele,
pois pensava que não lhe podia fazer maior mal que obriga-lo a governar.
Platão,
apresenta-nos a democracia como uma das piores formas de governo, classificando
os governos da seguinte forma:
A) Monarquia do tipo aristocrático, é composta por um líder
natural, um homem destino, assessorado por um conselho de sábios e ainda pela
Pítia que interpretava a vontade dos Deuses. Não se concebia uma sucessão no
sentido sanguíneo, mas sim discipular, de mestre e discípulo.
B) A Aristocracia, o governo dos melhores, os
mais aptos, destacados do labor publico assessorados por um senado ou conjunto
de “anciãos “ (sábios homens com experiência);
C) A Timocracia, governo baseado em códigos de honra,
compromissos e juramentos. Segundo o que nos descreve Platão, um modelo
parecido com os dos «chartryas» da Índia ou os primitivos Samurais do Japão
. (disciplina militar);
D) A Oligarquia, governo de comerciantes, equivalentes
aos dos atuais empresários. Prioridade da organização econômica e social.
E) Democracia, governo do povo, formado por
representantes populares, sistema não estável baseado na competição e jogos de
contradições, lutas entre grupos de diferentes conceções de estado.
F) A Tirania, governo de um chefe imposto pela força.
G) A Anarquia onde ninguém governa e cada um vive como
pode e sabe.
Ao longo
da história estas formas de governos, rodaram sempre antecedidas de revoluções
violentas. Os homens desconsertados, mudavam o ciclo sempre na procura do líder
natural.
Como na
introdução foi dito, Platão, considera a democracia a pior forma de governo.
Angél Livraga no mito da democracia classifica-a com os seguintes argumentos:
A) A Democracia não é a forma mais elaborada e perfeita
de governo, mas sim a mais primitiva e grosseira. Entre os animais quando
vão em manadas as maiorias impõem-se às minorias. Só mais tarde surgirá o
chefe. O mais experiente e forte, encarnação natural do espirito de
grupo, aceite e seguido pelos demais, até a sua renovação pelo desgaste.
B) No limiar do século XXI, aceita-se em política,
o que não se aceita noutras disciplinas de menor importância coletiva.
Se estamos, numa reunião e alguém cai no chão vítima de enfarte,
chama-se o médico ou promove-se uma reunião para ver quem tem mais votos,
adquirindo pela via do voto a autoridade para tratar o doente. Se apanhamos
um avião, aceitamos o piloto como competente ou fazemos uma eleição para
ver quem irá pilotar.
As
repostas são tantas e tão óbvias que se tornam desnecessárias. (Platão
recorda-nos que a política é uma ciência e não uma improvisação baseada em
opiniões).
Há quem
responda a estes argumentos ou pretenda responder dizendo que a política diz
respeito a todos. Mas, será que a saúde, a meteorologia ou qualquer outra
especialidade do conhecimento e a sua prática não nos afeta?
Como
podemos ser prudentes em relação a estas questões e loucos em relação às que
como a política nos influenciam a todos?
Não seria
mais lógico que, assim como existem escolas superiores para todos os
tecidos sociais, que formam profissionais aptos, as houvessem
também para políticos, onde o mais destacado e capaz recebesse a
autoridade legal para exercer a profissão?
Por que
se hade improvisar precisamente em política?
Estamos,
todos alienados com a ideia de que, pelo simples facto de uma pessoa Ter
mais votos a favor do que contra receberá a “iluminação” e saberá conduzir-nos,
quando na realidade talvez nem sequer saiba conduzir-se a si próprio.
Perdeu-se
toda a dignidade humana. As gigantescas máquinas de propaganda,
espantosos látegos omnipresentes e todos poderosos, fustigam diariamente
milhões de pessoas, repelem os povos. Deformam as mentes do homem
com deturpações educacionais que as enchem de ódios e palavras ocas.
O cinema,
televisão, imprensa, são as tiras desse látego fenomenal, mostrando ao
povo só o que lhes convém. Os governos passam, mas a ignorância a fome o frio,
o não saber para que se vive, ficam. Se alguém dá pelo erro é excluído como se
tivesse peste.
Dizem-nos
que a democracia é cristã...Será que foi o povo da Galileia que elegeu Cristo
através da força do voto?
Votaram
os Árabes para eleger Maomé, os Budistas para eleger Gautama.
Terá
Einstein sido cientista por eleição popular...Becquer poeta, Beethoven músico.
A
democracia não cabe dentro da civilização. É uma espécie de papão para
obrigar as crianças a obedecerem, quando as mandam dormir ou calar.
No mundo atual
poderíamos fazer um enorme rol de promessas que a democracia fez e não cumpriu.
Em contrapartida é o sistema político mais caro do mundo, como provam as
estatísticas.
Para
manter a imensa burocracia administrativa que se ocupa em substituir a
qualidade pelo numero, gasta-se o dinheiro que é pago em impostos sempre
crescentes, pelos homens e mulheres de uma nação.
Quantas
escolas, hospitais, bibliotecas, serviços públicos se poderiam construir com
uma eleição presidencial ou administrativa de um país de tamanho médio.
Quão
longe estão os teóricos do século XVIII!
Descartes
relacionava a democracia com o pensamento puro!
Montesquieu,
com a filosofia.
Voltaire,
com o exame livre.
Hoje se
por artes de magia puséssemos estes respeitáveis pensadores na noite de uma das
nossas democráticas cidades, nem os sapatos escapariam ao roubo antes que
pudessem abrir a boca, e se fosse numa sessão de representantes do povo,
falariam para um grupo de tranquilos sonolentos e na pior das hipóteses
esperá-los ia á saída um automóvel armadilhado com uma bomba.
Resta-nos
esperar um retorno rápido à essência das coisas, à universalidade ao
cósmico e surja como nos refere Platão, uma nova e melhor forma de política, a
Grande Ciência e com ela uma inversão dos valores negativos que a humanidade ao
longo de séculos amealhou.
Que bom
seria, se todos os seres humanos entendessem que é impossível perfurar a
obscuridade dos nossos tempos, suas mentiras e mitos, com o bastão da violência.
Esta síntese,
tem por base, os mitos do século XX e Ideal Político, de Jorge
Angél livrága que por sua vez os baseia na Republica de Platão. A
leitura destes dois livros e vários outros deste grande filósofo do fim do
século, são de extrema importância na renovação da mente humana.
JPF
16/07/13
Sem comentários:
Enviar um comentário