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segunda-feira, 15 de julho de 2013

DEMOCRACIA



DEMOCRACIA:

Deriva do grego, governo do povo, para os que se agarram a esta definição, aí começa o mito.

Para os gregos clássicos de há vinte séculos,  a palavra “ Demos “não se referia a todos os homens de uma Cidade – Estado,  mas sim aqueles cidadãos e camponeses livres e registados nos censos. Não eram a maioria nem lhes importava sê-lo,  o peso da quantidade cedia ao da qualidade, certa ou aceite que na prática é o mesmo.

Assim,  os grupos humanos que seguiam os caminhos democráticos  eram de poucos milhares de pessoas, conheciam-se quase todos entre si e muitos estavam ligados por laços de sangue ou amizade.

A propaganda no sentido atual da palavra,  não existia, pela obvia razão de que não era necessário fazer a apresentação de nada, existiam as lógicas rivalidades entre clãs com a exaltação moderada dos méritos dos seus favoritos, em oposição aos que a eles se opunham.

Governar para muitos era considerado um castigo.  Dos vários episódios conhecidos vamos referir um. Demóstenes, conta-nos que um cidadão que o odiava votou nele, pois pensava que não lhe podia fazer maior mal que obriga-lo a governar.

Platão, apresenta-nos a democracia como uma das piores formas de governo, classificando os governos da seguinte forma:

A)    Monarquia do tipo aristocrático, é composta por um líder natural, um homem destino, assessorado por um conselho de sábios e ainda pela Pítia que interpretava a vontade dos Deuses. Não se concebia uma sucessão no sentido sanguíneo,  mas sim discipular, de mestre e discípulo.
B)     A Aristocracia, o governo dos melhores,  os mais aptos, destacados do labor publico assessorados por um senado ou conjunto de “anciãos “ (sábios homens com experiência);

C)    A Timocracia, governo baseado em códigos de honra, compromissos e juramentos. Segundo o que nos descreve Platão, um modelo parecido com os dos «chartryas» da Índia ou os primitivos Samurais do Japão  . (disciplina militar);

D)   A Oligarquia, governo de comerciantes, equivalentes aos dos atuais empresários. Prioridade da organização econômica e social.
E)    Democracia, governo do povo,  formado por representantes populares, sistema não estável baseado na competição e jogos de contradições, lutas entre grupos de diferentes conceções de estado.

F)    A Tirania, governo de um chefe imposto pela força.


G)    A Anarquia onde ninguém governa e cada um vive como pode e sabe.

Ao longo da história estas formas de governos, rodaram sempre antecedidas de revoluções violentas. Os homens desconsertados, mudavam o ciclo sempre na procura do líder natural.

Como na introdução foi dito, Platão, considera a democracia a pior forma de governo. Angél Livraga no mito da democracia classifica-a com os seguintes argumentos:

A)   A Democracia não é a forma mais elaborada e perfeita de governo, mas sim a mais primitiva e grosseira.  Entre os animais quando vão em manadas as maiorias impõem-se às minorias.  Só mais tarde surgirá o chefe. O mais experiente e forte,  encarnação natural do espirito de grupo,  aceite e seguido pelos demais,  até a sua renovação pelo desgaste.

B)   No limiar do século XXI,  aceita-se em política,  o que não se aceita noutras disciplinas de menor importância coletiva.  Se estamos, numa reunião e alguém cai no chão vítima de enfarte,  chama-se o médico ou promove-se uma reunião para ver quem tem mais votos,  adquirindo pela via do voto a autoridade para tratar o doente. Se apanhamos um avião,  aceitamos o piloto como competente ou fazemos uma eleição para ver quem irá pilotar.


As repostas são tantas e tão óbvias que se tornam desnecessárias.  (Platão recorda-nos que a política é uma ciência e não uma improvisação baseada em opiniões).

Há quem responda a estes argumentos ou pretenda responder dizendo que a política diz respeito a todos. Mas, será que a saúde, a meteorologia  ou qualquer outra especialidade do conhecimento e a sua prática não nos afeta?

Como podemos ser prudentes em relação a estas questões e loucos em relação às que como a política nos influenciam a todos?

Não seria mais lógico que,  assim como existem escolas superiores para todos os tecidos sociais,  que formam profissionais aptos,  as houvessem também para políticos,  onde o mais destacado e capaz recebesse a autoridade legal para exercer a profissão?

Por que se hade improvisar precisamente em política?

Estamos, todos alienados com a ideia de que,  pelo simples facto de uma pessoa Ter mais votos a favor do que contra receberá a “iluminação” e saberá conduzir-nos,  quando na realidade talvez nem sequer saiba conduzir-se a si próprio.

Perdeu-se toda a dignidade humana.  As gigantescas máquinas de propaganda, espantosos látegos omnipresentes e todos poderosos,  fustigam diariamente milhões de pessoas,  repelem os povos.  Deformam as mentes do homem com deturpações educacionais que as enchem de ódios e palavras ocas.

O cinema,  televisão, imprensa, são as tiras desse látego fenomenal, mostrando ao povo só o que lhes convém. Os governos passam, mas a ignorância a fome o frio, o não saber para que se vive, ficam. Se alguém dá pelo erro é excluído como se tivesse peste.

Dizem-nos que a democracia é cristã...Será que foi o povo da Galileia que elegeu Cristo através da força do voto?

Votaram os Árabes para eleger Maomé, os Budistas para eleger Gautama. 
Terá Einstein sido cientista por eleição popular...Becquer poeta,  Beethoven músico.

A democracia não cabe dentro da civilização.  É uma espécie de papão para obrigar as crianças a obedecerem, quando as mandam dormir ou calar. 

No mundo atual poderíamos fazer um enorme rol de promessas que a democracia fez e não cumpriu. Em contrapartida é o sistema político mais caro do mundo,  como provam as estatísticas.  

Para manter a imensa burocracia administrativa que se ocupa em substituir a qualidade pelo numero, gasta-se o dinheiro que é pago em impostos sempre crescentes,  pelos homens e mulheres de uma nação.

Quantas escolas, hospitais, bibliotecas, serviços públicos se poderiam construir com uma eleição presidencial ou administrativa de um país de tamanho médio. 

Quão longe estão os teóricos do século XVIII!

Descartes relacionava a democracia com o pensamento puro!
Montesquieu, com a filosofia.
Voltaire, com o exame livre.
Hoje se por artes de magia puséssemos estes respeitáveis pensadores na noite de uma das nossas democráticas cidades,  nem os sapatos escapariam ao roubo antes que pudessem abrir a boca, e se fosse numa sessão de representantes do povo, falariam para um grupo de tranquilos sonolentos e na pior das hipóteses esperá-los ia á saída um automóvel armadilhado com uma bomba.
Resta-nos esperar um retorno rápido à essência das coisas,  à universalidade ao cósmico e surja como nos refere Platão, uma nova e melhor forma de política, a Grande Ciência e com ela uma inversão dos valores negativos que a humanidade ao longo de séculos amealhou.
Que bom seria,  se todos os seres humanos entendessem que é impossível perfurar a obscuridade dos nossos tempos, suas mentiras e mitos, com o bastão da violência.

Esta síntese, tem por  base, os mitos do século XX  e Ideal Político, de Jorge  Angél livrága que por sua vez  os baseia na Republica de Platão. A leitura destes dois livros e vários outros deste grande filósofo do fim do século, são de extrema importância na renovação da mente humana. 

JPF
16/07/13

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