Zé do Telhado – Robin dos Bosque – Português
Nos lanceiros da Rainha…
Se fez militar e guerreiro…
Defendendo seus ideais…
Com alma…
De corpo inteiro.
Ganhando a Torre Espada…
Maior Galardão Nacional…
Lutando pelo bem…
Contra as forças do mal.
Mas não era tempo…
E…
As causas em que se envolveu…
Em defesa dos seus ideais…
Tiveram os opositores das trevas…
No seu tempo…
Poderosas demais.
Foram causas perdidas…
Mas o ideal ficou…
De maior herói nacional…
Que…
Em bandoleiro se transformou.
Lutando na clandestinidade…
Contra o ignóbil poder que o derrubou…
Os cassiques eram os seus alvos…
Os povos os seus protegidos…
Foi um herói do povo…
E tinha os povos como amigos.
Que o
digam os Angolanos…
A quem também cativou…
Com atos de bravura e justiça…
Porque… sempre… se norteou.
Precisamos de muitos Zés do Telhado…
Para o paradigma atual mudar…
Inspiremo-nos em nobres ideais…
Para as forças do mal derrotar.
José Ribeiro da Silva (Zé do Telhado), nasceu em Castelões, Recezinhos
Penafiel, De origens rurais humildes, aos 14 anos foi viver com
um tio, no lugar de Sobreira, freguesia de Caíde de Rei, para aprender o ofício de
castrador e tratador de animais. Abandonou a profissão e assentou praça no
Quartel de Cavalaria 2 Lanceiros da Rainha, onde adquiriu uma notável
experiencia militar. Toma parte na revolta contra o partido dos Setembristas,
pela restauração da Carta Constitucional. Derrotado refugia -se em Espanha. Ao regressar, grassava no
país uma revolta contra o governo anticlerical de Costa Cabral.
Ao estalar
Revolução da
Maria da Fonte, a 23 de março de 1846,
vê-se envolvido como um dos líderes da insurreição. Coloca-se às ordens do General Sá da
Bandeira, que também tinha aderido. Assume o posto de sargento e distingue-se de tal forma em bravura,
e qualidades militares que, na expedição a Valpaços, recebe a Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e
Mérito, a mais alta condecoração que ainda hoje vigora em Portugal.
No entanto, o seu «partido» entra em desgraça, amontoa dívidas de impostos que
não consegue pagar e é expulso das forças armadas.
Como "Zé do Telhado", chefe bandoleiro, ou de guerrilha, realiza
um grande número de assaltos por todo o Norte de Portugal, durante um período conturbado
que coincidiu com o pedido de maior resistência do Rei D. Miguel, que,
com seu governo no exilio, pede aos seus partidários miguelistas, para
formar grupos de guerrilha em todo o país.
O bandoleiro ou guerrilheiro mais conhecido do país, acaba por ser apanhado
pelas autoridades vigentes, em 31 de março de 1859 quando tentava fugir para o Brasil. Esteve preso na Cadeia da Relação,
onde conheceu Camilo Castelo Branco que
se lhe refere nas Memórias
do Cárcere.
Zé do Telhado, deve ser interpretado, como defensor de uma causa, um ideal,
e não como um bandoleiro qualquer.
Em 9 de dezembro de 1859 foi julgado e condenado ao degredo perpétuo na África
Ocidental Portuguesa. Foi-lhe comutada a pena aplicada na de 15 anos
de degredo, em 28 de setembro de 1863.
Viveu em Malanje,
negociando em borracha, cera e marfim. Casou-se com uma angolana, Conceição, de quem teve
três filhos. Conhecido entre os locais como o kimuezo – homem
de barbas grandes –, viveu desafogadamente. Faleceu aos 57 anos, vítima de varíola, sendo sepultado na aldeia de Xissa,
município de Mucari, a meia centena de quilómetros de Malanje, sendo-lhe erguido um mausoléu, objeto
de romagens.
Zé do Telhado, deixou marcas de homem íntegro, em Portugal e Angola.
JPF
07/02/2013
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